Sertões de Canindé: Bolsa Família ameniza vida de agricultores
Enquanto os recursos do Garantia Safra e do Bolsa Estiagem
não chegam para os produtores atingidos pela seca, muitas famílias só contam
com o Bolsa Família, do Governo Federal. "Aqui a Bolsa Família é a mãe de
todos que vivem desamparados no campo, sonhando com as ajudas da seca que nunca
chegam. Parece que se perderam pelo caminho´´, afirma a dona de casa, Maria dos
Prazeres da Silva, que tem filhos cadastrados no programa.
Atualmente, cerca de 1 milhão de pessoas consta no cadastro do Bolsa Família no
Estado. De acordo com o gestor do Cadastro Único em Canindé, João Paulo
Paulino, 13.738 famílias estão sendo beneficiadas com o programa no Município.
"Para termos uma ideia, somente em abril passado, R$ 1,5 milhão circulou
na região. O acumulado de janeiro até o mês de junho é de R$ 8,25 milhão. Todos
esses recursos ficam dentro do Município, porque, quando o beneficiário recebe
seus valores, ele compra no mercantil, na mercearia, na sapataria, enfim, gasta
tudo no mercado local´´, explica.
Atualmente, trabalham no Cadastro Único sete pessoas e mais duas que fazem
visitas às famílias em todo perímetro urbano e rural. O maior valor pago pelo
benefício é de R$ 306,00 e o menor é R$ 32,00.
O Governo exige que as famílias beneficiadas cumpram algumas condições:
frequência escolar mínima de 85% para crianças e adolescentes de até 17 anos;
manter as carteirinhas de vacinação sempre em dia; acompanhamento médico do
crescimento e desenvolvimento de crianças menores de 7 anos; pré-natal das
grávidas e acompanhamento das mulheres de 14 a 44 anos, que amamentem; e
frequência de 85% aos serviços socioeducativos para crianças e adolescentes de
até 15 anos em risco e retiradas do trabalho infantil.
Caso as famílias descumpram as condições impostas pelo programa, estará sujeita
a efeitos que vão desde uma simples advertência até a suspensão do benefício ou
cancelamento.
Segundo João Paulo, outra ajuda vem do Programa Brasil Carinhoso que começou a
pagar os benefícios a partir do dia 18 de junho. "A iniciativa amplia o
Bolsa Família, garantindo uma renda mínima de R$ 70 por cada pessoa das
famílias que tenham crianças com até 6 anos de idade´´, explica.
Sem chuvas
Na região dos Sertões de Canindé, a última chuva caiu em fevereiro. Ainda assim
em volume irrisório. As águas normalmente caem entre janeiro e maio, em um
regime com o qual o sertanejo já está habituado e consegue se planejar
minimamente, complementando com a agricultura de subsistência e o programa
Bolsa Família.
"No ano passado a gente plantou milho, feijão, abóbora, e até melancia. Em
um ano normal, dá para agente comer", explica o lavrador João Guilherme
dos Santos, que vive na comunidade de Jerimum, zona rural de Canindé. Com 67
anos morando no semiárido, ele diz jamais ter visto uma seca tão árdua.
Como muitos outros no sertão canindeense, seu João lembra da estiagem de 1993,
quando o desespero da fome resultou em violência e saques. Ainda assim, garante
que a aridez é maior neste ano. "A seca está um perigo, o açude está
secando e para beber mesmo só a água do carro-pipa", relata.
Apesar do menor volume de chuva, ele considera que a vida melhorou no
semiárido. Os programas de transferência de renda do Governo Federal,
especialmente o Bolsa Família, tornaram menos cruel o quadro típico da seca,
com migrações em massa e pessoas morrendo de fome.
Fonte: Jornal Diário do
Nordeste
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