sábado, 5 de outubro de 2013

Canindé: Festejos de São Francisco Levam Multidão às Ruas

Foto: Alex Costa
Canindé. Nem o sol forte do sertão foi capaz de desanimar os devotos de São Francisco que compareceram a Canindé em um dos dez dias de festa em homenagem ao santo padroeiro da cidade. O evento terminou ontem, data da morte de Francisco de Assis, com milhares de devotos nas ruas e lotando a sucessão de missas que começou às 5h e só terminou às 18h.
No encerramento, já adentrando a noite, um andor com a primeira estátua de São Francisco a chegar a Canindé foi carregado pelas ruas da cidade. As dimensões modestas da imagem contrastam com o gigantismo da multidão que costuma acompanhá-la. Na sequência, a Praça da Basílica foi tomada de pessoas para um show musical promovido pela organização do Santuário de São Francisco das Chagas.

É a primeira festa de São Francisco em Canindé deste que outro Francisco passou a ocupar o trono de São Pedro no Vaticano. A imagem do papa aparece tímida na festa. O Francisco de Canindé ainda é o santo italiano que pregava o desapego material, a paz e o amor a natureza.
A festa de São Francisco das Chagas é mais velha que a própria cidade. Canindé conquistou sua emancipação política há pouco mais de um século e meio, enquanto a celebração franciscana se iniciou há 255 anos, quando município ainda era um distrito de Quixeramobim. A estimativa dos organizadores do evento é de que, nesta edição, 1 milhão de pessoas tenha passado por lá durante os 10 dias. A festa movimenta perto de R$ 15 milhões.
Os devotos chegam de toda maneira, conforme suas condições e promessas. Entre as excursões coletivas cadastradas pelo Santuário (e os organizadores do evento garantem que a maioria não chega a eles), foram contabilizadas 71 moto-romarias (a maioria do Ceará, mas também grupos do Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte); e 32 caminhadas. Ainda há as centenas de ônibus e caminhões pau-de-arara vindos de todo o Nordeste.

Colônias
Há muito que a fama de Canindé se espalhou pelos estados vizinhos. Depois dos cearenses, foram os maranhenses que compareceram em maior número. Piauí e o Rio Grande do Norte são outros estados que estão presentes em peso.
O taxista Edmar Francisco dos Santos, 57, veio de Assu (RN). Ele já perdeu as contas dos anos que esteve no Ceará para renovar os votos de devoção com o santo. Mas Edmar sabe bem quem o trouxe pela primeira vez: a esposa, falecida há três meses em decorrência de um câncer. "Ela vinha há 40 anos, duas vezes por ano, em outubro e em dezembro. Agora, tudo o que vejo aqui só me lembra ela".
Antônia dos Santos, 75, todo ano dá um jeito de vir de Paquetá (PI) para a Festa de São Francisco. "Quando é na época do santo, vendo até as galinhas para inteirar a passagem", conta. Há 16 anos, ela vem à cidade e coleciona graças, a última pela cura de uma filha. "Enquanto eu tiver viva, eu venho; quando morrer, minha alma vem no meu lugar".

Água
O governador Cid Gomes esteve no encerramento da celebração. Ele assistiu à última missa e, ao término do culto, foi convidado ao altar. Foi instado pelo frei Marconi Lins, que conduzia a missa, a ajudar a "proteger o romeiro que vem a Canindé, que neste ano sofreu muito". O religioso se referia à dificuldade de alguns coletivos chegarem, devido a fiscalizações nas estradas.
O governador declarou que sua visita não era eleitoreira. "Minha razão de estar aqui é puramente espiritual", disse. Mas Cid não deixou de falar de ações do governo. Afirmou que veio de uma visita às obras de uma adutora que o Estado constrói e deve trazer água para Canindé até fevereiro do próximo ano.

(Diário do Nordeste)

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