Protesto paralisa CE-257 em Canindé

Canindé. Cerca de 300 agricultores interditaram, na manhã de ontem, a CE-257, que liga a cidade de Canindé às regiões Norte e Serra da Ibiapaba. O protestou se prolongou por toda a manhã, causando graves transtornos para os motoristas que trafegavam na via.

Eles fazem parte da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Ceará, Fórum das Famílias Assentadas e da Agricultura Familiar e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé.

O ato aconteceu de forma surpreendente para demais moradores das adjacências. A mobilização aconteceu enquanto o fogo ardia para cozinhar o alimento que veio da terra, na localidade de Salgado, a dois quilômetros da sede de Canindé, para alimentar as 35 famílias que moram debaixo de lonas.

Moradores de um assentamento improvisado, os manifestantes cobravam das autoridades a nível Federal, Estadual e Municipal agilidade nas medidas que foram discutidas no ano passado em relação aos assentamentos do Instituto Nacional de Colonização Agrária (Incra), Semace, Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e Prefeitura Municipal de Canindé. Eles querem uma intermediação de todas as esferas do poder público para o atendimento dos pleitos encaminhados.

De acordo com um dos líderes do movimento, Júnior Mourão, se as reivindicações não forem atendidas, os agricultores irão ocupar outras rodovias do Município e, caso seja necessário, o prédio da Prefeitura de Canindé. Até o fechamento desta edição, continuavam na CE-257 e ameaçavam fechar novamente o trecho se os técnicos do Incra, Semace, SDA e Prefeitura não fossem ouvir as exigências do grupo.

Cisternas
Na pauta de reivindicação de ontem, consta a construção de 5 mil cisternas de placas no Município de Canindé, mil cisternas calçadão, a decisão da Semace para liberar o laudo autorizando o preparo das terras no plantio de 2011-2012, mil quintais produtivos, agilidade no processo de desapropriação da Fazenda Xinuaquê, além da decisão de que os agricultores serão recebidos pelo Governador do Estado, Cid Gomes.Francisco Edilson Silva, coordenador do Fórum dos Assentados e um dos líderes do movimento, desde ontem começou a ser feito um pré cadastro para identificar as famílias que pretendem morar no local caso seja desapropriado.Antes do fechamento da CE-257, os manifestantes participaram de uma celebração em homenagem ao dia da mobilização pela convivência no semiárido de Canindé.Durante as duas horas em que os agricultores fecharam a CE- 257, ninguém passou e filas quilométricas se formaram ao longo da rodovia. Equipes de Policiais Federal, Civil, Militar e o Exército Brasileiro que viajavam para a região dos Sertões de Crateús, Ibiapaba e Zona Norte também ficaram retidas. "Queremos a presença da equipe de vistoria do Incra para avaliar novamente a questão da desapropriação da Fazenda Xinuaquê e mais sete propriedades improdutivas na região", frisou Júnior Mourão.Ele adiantou que a partir de hoje os trabalhadores irão permanecer acampados ao lado da CE-257, próximo ao Assentamento São Francisco. Júnior Mourão lembrou também que a categoria não quer confronto com as forças de segurança, mas um diálogo aberto com os Governos para que uma medida seja adotada.Os trabalhadores querem ainda: liberação dos créditos para construção de casas populares em áreas de assentamentos; garantia das demandas para reformas e construções de açudes e estradas no orçamento de 2012; calendário de vistoria para as áreas improdutivas, priorizando a Fazenda Xinuaquê; liberação para desmatamento nos assentamentos que estão há mais de três sem autorização para preparo de terras e plantio e, ainda, fiscalizar as denúncias de invasão nas áreas onde estão situados açudes de reservas do Idacem.Outras exigências foram pertinentes à garantia das demandas dos Projetos São José que foram encaminhados pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé e Fórum das Famílias Assentadas; agilizar a liberação dos quintais produtivos negociados pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Ceará e liberação das cisternas de calçadão e de enxurradas para as comunidades assentadas. A Reportagem tentou sem sucesso um contato com a Superintendência do Incra em Fortaleza.

(Diário do Nordeste)