Meningite: 34 casos e cinco mortes em 2012 no Ceará
Foi sair do culto na noite do domingo, 1º, e sentir dores na
nuca. A febre bateu e a mãe levou a garota ao médico. Mas não teve jeito. Duas
paradas cardíacas depois, a morte estava confirmada. O corpo miúdo de seis anos
(quase sete) não resistiu aos ataques da meningite meningocócica. Era por volta
das 22 horas de segunda-feira, 2.
Na escola do bairro Álvaro Weyne, em Fortaleza, as aulas do
dia seguinte ao óbito foram suspensas. A festinha de Páscoa organizada para
ontem também. A desolação impede o ajuntamento. “As crianças estão tristes e
com saudade. Ela era muito falante, muito teimosa, muito peralta. Era super
saudável”, lembra a professora Liziane Aquino.
A morte da menina é a quinta decorrente da meningite
meningocócica este ano no Ceará. Todas em Fortaleza. Os
infectados no Estado por este que é o tipo mais grave da doença já são 34.
Foram 14 no mesmo período do ano passado. Os dados são da Secretaria Estadual
da Saúde (Sesa).
Como 2011 inteiro registrou 75 ocorrências, o cenário do
primeiro trimestre deste ano representa 45% dos 12 meses anteriores. A situação
é preocupante, especialmente porque não existe vacina para um dos subtipos da
meningocócica.
Para o subtipo que pode ser vencido por medicamentos, o
Governo descarta vacinação em larga escala. “Só quem recebeu vacina até agora
foram crianças que nasceram depois de 2008. Nesses casos que estão surgindo,
metade é D (sem chance de imunização) e metade é C. Parte da população está
desprotegida. Vamos ter casos o ano todo. E, no período das chuvas, eles
aumentam (porque há risco de contaminação por via oral)”, alerta o coordenador
de proteção e promoção à saúde da Sesa, Manoel Fonsêca.
Por ora, não se fala em decretação de surto/epidemia pelo
fato de os casos estarem dispersos e ainda não serem em grande quantidade em
nenhuma região. “Claro que preocupa o fato de a doença estar espalhada (tanto
pelos bairros da Capital quanto no Interior), mas não há o que fazer a não ser
divulgar os sintomas para o diagnóstico ser o mais precoce possível e a
população procurar o hospital o quanto antes. Alguns chegam em situação
dramática”, acrescenta.
Se o paciente for criança, deve-se buscar o Hospital
Infantil Albert Sabin. Adultos são atendidos no Hospital São José. Ambas as
unidades funcionam em
Fortaleza. Quem teve contato direto com doentes também deve
ser submetido a tratamento.
Só na manhã da última terça-feira, 3, por exemplo, três
pessoas deram entrada no São José com meningocócica. Tem sido esta a rotina do
hospital desde janeiro. “Neste ano, até agora, tivemos mais que o dobro de
casos do ano passado”, destaca o médico infectologista e diretor da unidade,
Anastácio Queiroz.
ENTENDA A NOTÍCIA
Quem pode pagar pela vacina, deve buscar imunização em
clínicas particulares. Não há contraindicação. Do contrário, é ficar atendo aos
sintomas. E buscar um hospital urgente. A meningocócica pode matar em 48 horas.
Saiba mais
Segundo a Sesa, os casos de 2012 dividem-se da seguinte
forma: 12 em janeiro, nove em fevereiro, 11 em março e dois em abril (até o dia
2).
Em 2011, em período similar, o cenário era o seguinte: cinco
em janeiro, quatro em fevereiro, cinco em março e cinco em abril
(considerando-se o mês cheio).
A vacina contra o tipo C da meningocócica existe desde 2008.
Não há previsão de quando uma contra o tipo D será disponibilizada.
O plantão epidemiológico da Sesa funcionará durante o
feriado da Semana Santa, inclusive no sábado e domingo.
Na escola onde a menina estudava, professores e pais
explicaram aos demais estudantes a causa da morte. “Um assunto desses não tem
condições de esconder”, pontua Liziane Aquino.
Fonte: O Povo
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