quinta-feira, 5 de abril de 2012

Meningite: 34 casos e cinco mortes em 2012 no Ceará


Foi sair do culto na noite do domingo, 1º, e sentir dores na nuca. A febre bateu e a mãe levou a garota ao médico. Mas não teve jeito. Duas paradas cardíacas depois, a morte estava confirmada. O corpo miúdo de seis anos (quase sete) não resistiu aos ataques da meningite meningocócica. Era por volta das 22 horas de segunda-feira, 2.
Na escola do bairro Álvaro Weyne, em Fortaleza, as aulas do dia seguinte ao óbito foram suspensas. A festinha de Páscoa organizada para ontem também. A desolação impede o ajuntamento. “As crianças estão tristes e com saudade. Ela era muito falante, muito teimosa, muito peralta. Era super saudável”, lembra a professora Liziane Aquino.

A morte da menina é a quinta decorrente da meningite meningocócica este ano no Ceará. Todas em Fortaleza. Os infectados no Estado por este que é o tipo mais grave da doença já são 34. Foram 14 no mesmo período do ano passado. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Como 2011 inteiro registrou 75 ocorrências, o cenário do primeiro trimestre deste ano representa 45% dos 12 meses anteriores. A situação é preocupante, especialmente porque não existe vacina para um dos subtipos da meningocócica.
Para o subtipo que pode ser vencido por medicamentos, o Governo descarta vacinação em larga escala. “Só quem recebeu vacina até agora foram crianças que nasceram depois de 2008. Nesses casos que estão surgindo, metade é D (sem chance de imunização) e metade é C. Parte da população está desprotegida. Vamos ter casos o ano todo. E, no período das chuvas, eles aumentam (porque há risco de contaminação por via oral)”, alerta o coordenador de proteção e promoção à saúde da Sesa, Manoel Fonsêca.
Por ora, não se fala em decretação de surto/epidemia pelo fato de os casos estarem dispersos e ainda não serem em grande quantidade em nenhuma região. “Claro que preocupa o fato de a doença estar espalhada (tanto pelos bairros da Capital quanto no Interior), mas não há o que fazer a não ser divulgar os sintomas para o diagnóstico ser o mais precoce possível e a população procurar o hospital o quanto antes. Alguns chegam em situação dramática”, acrescenta.
Se o paciente for criança, deve-se buscar o Hospital Infantil Albert Sabin. Adultos são atendidos no Hospital São José. Ambas as unidades funcionam em Fortaleza. Quem teve contato direto com doentes também deve ser submetido a tratamento.
Só na manhã da última terça-feira, 3, por exemplo, três pessoas deram entrada no São José com meningocócica. Tem sido esta a rotina do hospital desde janeiro. “Neste ano, até agora, tivemos mais que o dobro de casos do ano passado”, destaca o médico infectologista e diretor da unidade, Anastácio Queiroz.

ENTENDA A NOTÍCIA
Quem pode pagar pela vacina, deve buscar imunização em clínicas particulares. Não há contraindicação. Do contrário, é ficar atendo aos sintomas. E buscar um hospital urgente. A meningocócica pode matar em 48 horas.

Saiba mais
Segundo a Sesa, os casos de 2012 dividem-se da seguinte forma: 12 em janeiro, nove em fevereiro, 11 em março e dois em abril (até o dia 2).
Em 2011, em período similar, o cenário era o seguinte: cinco em janeiro, quatro em fevereiro, cinco em março e cinco em abril (considerando-se o mês cheio).
A vacina contra o tipo C da meningocócica existe desde 2008. Não há previsão de quando uma contra o tipo D será disponibilizada.
O plantão epidemiológico da Sesa funcionará durante o feriado da Semana Santa, inclusive no sábado e domingo.
Na escola onde a menina estudava, professores e pais explicaram aos demais estudantes a causa da morte. “Um assunto desses não tem condições de esconder”, pontua Liziane Aquino.

Fonte: O Povo

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